A volta do feriado na praia. Volta às aulas, ao trabalho, ao trânsito. Tudo de novo depois de janeiro cuja sensação é de três anos corridos. E os temporais, desastres mundo afora, notícias que nos obrigam a aceitar: o clima de ano novo acabou e é hora de erguer as mangas e voltar ao batente. 2025 já não é uma promessa, é uma realidade a exigir o nosso comprometimento. Os idos de fevereiro, enfim.
No Brasil costuma-se dizer que o ano mesmo só começa depois do carnaval e até lá tudo é prelúdio, vamos empurrando com a barriga até onde der - mas eu sou deste tipo estranho que acha que o ano começa mesmo para valer em primeiro de janeiro, assim como as nossas promessas e acordos com ele. Gente, mais de um mês já passou e a contagem continua. Acordem, ainda é tempo! Claro, já perdemos algum, mas podemos correr atrás do prejuízo também. Olha a chance passando bem aí na sua frente, neste agora.
Janeiro não foi fácil. Demorou uma eternidade, foi quente como o inferno. E tragédias, deportações, guerras e lágrimas - o mundo sendo o mundo. Pessoalmente para mim foi um mês de teste. Testei minha lucidez, minha fé na humanidade, até onde posso ir sem abdicar do meu réu primário. O primeiro mês do ano me obrigou a recalcular rotas e aceitar que alguns itens já não serviam mais. Precisei me despedir de algumas coisas, dizer olá para outras, aceitar as mudanças, ser grato por elas. Como dizem os gurus do óbvio, sair da minha zona de conforto.
Enquanto avalio, procuro digerir e depois agradecer por tudo o que janeiro me tirou e me deu, espero de verdade que o seu caos e intensidade não se repliquem nos outros onze meses do ano - precisamos de serenidade, todos nós, às vezes. Que nos próximos meses cumpramos as promessas feitas na virada, mudemos quantas vezes forem necessárias e acima de tudo, celebremos esta mágica contida em todo recomeço.
Na noite chuvosa na qual termino esta crônica, a cidade está estranhamente vazia e envolta em mistério: o que vem por aí, ela parece perguntar a mim. O aguaceiro e o adiantado da hora afastaram pessoas e respostas, as nuvens baixas escondem a minha tão cara visão dos prédios da Paulista. Escuto Carly Simon e a sua crença no amor e a promessa cuja ideia eu pego emprestado para dar título a esta conversa. Que continuemos e que como profetizaram Elis e Tom, as águas de março venham logo fechar o verão.
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