Se vamos todos para o mesmo e inescapável fim, o começo também foi igual. Bons e maus, sublimes ou medíocres, nosso ponto de partida foi o ventre de uma mulher. E quando falo delas, compartilho da mesma ideia da Simone de Beauvoir: não se nasce mulher, torna-se uma. A vida, com seus desafios e lutas é quem se encarrega disto.
A capacidade de gerar vida põe toda mulher a par do mistério e em um patamar bem superior a todos nós e as torna capazes de amar de uma forma que a maioria de nós homens sequer pode entender. E aqui não quero romantizar nada; estou a anos-luz de entender esta experiência agridoce de ser mulher. Estar sempre pronta e disponível e arcar com um fardo silencioso. Nunca reclamar, não esperar um obrigado. Aguentar uma jornada dupla, tripla, às vezes. Receber menos, não poder envelhecer, não poder vestir o que se quer. Ser julgada, vilanizada, esquecida. Não deve ser nada fácil ser mulher.
Para mim, mulheres sempre foram aliadas e exemplos do que eu queria me tornar como ser humano e como profissional. Ao longo dos anos, parentes, amigas, colegas de trabalho e artistas, ao meu lado ou de longe me ensinaram e apoiaram e ajudaram a fazer de mim o homem que eu sou. Hoje, como em todos os outros dias, o que posso fazer é dizer obrigado e retribuir sempre que possível, me colocando também como amigo e aliado.
Dizem que Deus é brasileiro, mas para mim ele antes de tudo, é mulher. Alguém onipresente, todo amor e de onde todos nós viemos. Ela, como estas com quem cruzo diariamente, nas ruas, no metrô e com quem por um segundo, meu caminho se entrelaça. Por instantes, tenho um vislumbre das suas paixões, do que lhes faz brilhar os olhos, das suas lutas e lutos. Elas, que ajudam a fazer desta cidade o que ela é hoje. Tantas, por tanto tempo. Minha conterrânea Luiza Erundina, Marta Suplicy, Erika Hilton. Outras que cantaram e contaram esta cidade: Carolina Maria De Jesus, Tarsila do Amaral, Rita Lee, tantas outras.
Nas chamas deste oito de março, de todos os dias, deste mundo que parece ser consumido em fogo e ódio penso em como celebrar esta data. Não com palavras vazias, bombons ou flores, mas com liberdade, igualdade, fraternidade, estes ideais revolucionários, mas caducos, aparentemente inalcançáveis, mas necessários hoje mais do que nunca.
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