A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro retoma os trabalhos na próxima terça-feira (1º), e vai ouvir, a partir das 9h, o depoimento de Saulo Moura da Cunha, ex-diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Ele ocupava o cargo de diretor da agência no dia 8 de janeiro, quando ocorreu a invasão e vandalismo das sedes dos Três Poderes da República (foto abaixo, de Marcelo Camargo/Agência Brasil). Saulo deixou o cargo no início do mês de março.
Um dos requerimentos para a convocação de Saulo da Cunha foi o do deputado Delegado Ramagem (PL-RJ). Ele sustentou que, conforme amplamente noticiado pela imprensa, a Abin emitiu vários alertas sobre o risco dos atos golpistas. O senador Izalci Lucas (PSDB-DF) reforçou que foram emitidos alertas, "inclusive na véspera das invasões e depredação de patrimônio público no domingo”. O deputado Marco Feliciano (PL-SP) acusou o governo federal de se recusar a dar acesso às imagens do circuito interno de segurança do Palácio do Planalto. A emissora CNN divulgou vídeos em que servidores do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República foram flagrados transitando e interagindo de forma amigável com invasores no momento da ocupação.
No último mês de junho, a comissão ouviu o ex-chefe do Departamento Operacional da Polícia Militar (DOP) do Distrito Federal Jorge Eduardo Naime. Ele afirmou que a Abin havia alertado aos órgãos de inteligência sobre o risco de ataques, mas o núcleo de inteligência do DOP não teve acesso a esses alertas. A CPMI também já ouviu o empresário George Washington Sousa – que está preso acusado de ter colocado uma bomba em um caminhão próximo ao Aeroporto JK, em Brasília, em 24 de dezembro do ano passado –; o diretor do Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado da Polícia Civil do DF, Leonardo de Castro; e os peritos da Polícia Civil do DF Renato Carrijo e Valdir Pires Filho, que fizeram exames nas proximidades do aeroporto e no caminhão. O ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal Silvinei Vasques falou ao colegiado sobre blitze feitas em rodovias federais no dia do segundo turno das eleições, principalmente na região Nordeste, onde está a maior parte dos eleitores do presidente Lula. Vasques negou que a instituição tenha atuado politicamente para favorecer o então candidato Jair Bolsonaro.
O coronel Jean Lawand Júnior também depôs na CPMI. Ele teve que explicar mensagens trocadas com o tenente-coronel Mauro Cid, então ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro. O militar negou que as mensagens quisessem incitar um golpe de estado e afirmou que elas tinham apenas o objetivo de pedir que Bolsonaro tentasse apaziguar os ânimos de quem estava descontente com o resultado das eleições. A comissão convocou Mauro Cid, mas ele acatou orientação de sua defesa e não respondeu às perguntas dos parlamentares. Cid está preso desde maio, acusado de fraudar cartões de vacinação.
O Congresso criou a CPMI para investigar os atos de ação e omissão ocorridos no dia 8 de janeiro. O colegiado, que é presidido pelo deputado Arthur Oliveira Maia (União-BA), é composto por 16 senadores e 16 deputados e tem como relatora a senadora Eliziane Gama (PSD-MA).
*Fonte: Agência Câmara de Notícias
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