Sábado, 12 de Julho de 2025 19:44
Brasil Crônica

O sexo e a cidade

Seguimos firmes e fortes em busca desta aventura que é amar alguém

12/06/2025 07h28 Atualizada há 1 mês
Por: Graciliano Candido
Foto: @BobWolfeson
Foto: @BobWolfeson

Agora transformado em uma versão masculina de Carrie Bradshaw, me ponho, nestas vésperas da festa do santo casamenteiro, a falar sobre esta coisa ainda mais complicada do que São Paulo. Afinal, como a cidade, o sexo, base de qualquer relacionamento amoroso, é sempre um bom tema.

Parece tarefa impossível, afinal o que (mais) dizer? Aliás, adianta dizer? Relacionamentos são complexos e ponto final. Eu poderia ficar por aqui e todos iriam entender o recado. Mas nesta época da falta de inocência, onde corpos e afetos estão ali disponíveis como em um cardápio de delivery, sinto que ainda não chegamos aonde queríamos. Afinal, somos doutrinados a isso, desde sempre. Encontrar alguém. E com as veias entupidas de microplásticos, no fundo queremos só viver um grande amor. 

Nunca estivemos tão conectados e ainda assim, seguimos sozinhos. Solidão aliás, nunca sinônimo de coisa boa: ela é sempre maldição, castigo, doença. Ninguém sabe estar consigo mesmo e ainda assim, quer estar alguém. Tenho amigas na faixa dos 40, 50, plenas, no seu auge e sozinhas - e incomodadas com isso. Mulheres incríveis, lindas, bem-sucedidas a falar da dificuldade de encontrar alguém. Com os gays, nada muito diferente. Todos procuram, poucos acham. Logicamente, aqui falo do pano de fundo de qualquer relacionamento duradouro: cumplicidade, lealdade, propósitos comuns; pois aquele certo algo com quatro letras é bem mais fácil de encontrar mesmo sem sair de casa. 

Rita Lee sabiamente cantou; sexo sem amor é só vontade. E aqui, nenhum julgamento ou preconceito contra o sexo casual; sou entusiasta dele, aliás. Tudo combinado, tudo terminado e é isso. Cada um para o seu lado, beijo e até nunca mais. Parece cínico, mas é só simples. Descomplicado e inclusive, ponto de partida para algo mais duradouro. Afinal, quem sabe?

Nesta altura, já nem preciso dizer sobre a inexistência de príncipe encantado e o final feliz fica só no cinema mesmo. A vida quase nunca é preto no branco e há os infinitos tons de cinza entre eles, quando a pessoa certa chega em um momento nem tão certo assim - ou o contrário. E a vida segue.

 Não há receita pronta e entre encontros e desencontros, on e off-line, seguimos. Em festas, balcões de bar, parques, na rua mesmo - afinal quem sabe por onde estará o nosso Mr Big? E o passar do tempo me mostra: é exatamente um Big que com sorte encontraremos.  Alguém imperfeito e infinitamente complicado, como nós mesmos e responsável por nos levar ao céu e ao inferno, pois amar alguém também é isso. 

Eu, como vocês, sou de momentos. Às vezes, quero estar só; as vezes ao lado de alguém. A minha crença cada vez mais forte é que pouquíssimas pessoas (quase nenhuma, na verdade) merecem meu tempo e a minha energia e como como diz aquele ditado, antes só do que mal acompanhado. Neste ponto, mas uma vez, Clarice ecoa: a solidão é viciante.  

Relações podem ser duradouras ou não, casuais, frustrantes, traumáticas. Ou aquelas ainda das quais lembramos com carinho, mesmo depois de encerradas há bastante tempo. De todas, a mais importante de todas e talvez por isso mesmo a mais negligenciada, é aquela que temos com nós mesmos. Esta sim, é para vida toda e dela não tem como fugir. Nos tratarmos bem, nos amarmos, nos entendermos e nos perdoarmos quando preciso. Porque o auto perdão também é necessário. Como na música da Whitney Houston, esta relação sim irá nos dar o maior amor de todos - aquele que devemos ter por nós mesmos.

 

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