Como um corcel indomável, junho passou por nós e com ele também, metade do ano já se foi. Nesta altura dos acontecimentos paro para pensar neste ponto específico tão pouco falado. Afinal, nos preocupamos com a chegada e com a partida, mas e este entreato no qual estamos e onde permanecemos na maior parte do tempo?
Como na canção do Zé Ramalho, meus vinte anos de boy, that's over baby. Já não há mais o "você tem uma vida inteira pela frente” e tento me acostumar agora com o fato de com sorte, estar mais ou menos na metade do caminho. Já existe muita coisa a se ver pela janela do retrovisor, outras tantas ainda no caminho em frente, mas este presente momento é muitas vezes tão inexplorado. Nos preocupamos com o passado e com o futuro sem se dar conta da nossa única certeza: o agora.
Carpe diem, do latim aproveitar o dia. Não somos preparados para isso. Por quantas vezes não ficamos anestesiados pelas lembranças de um ontem a nos absorver como se ainda nele estivéssemos? Ou nas promessas de um futuro que pode nem existir? E quando vemos, o presente se foi. O sol se pôs, as férias acabaram, o ano também. E só nós ficamos com nossas esperanças, ilusões, ausências. Afinal, tempus fugit. O tempo voa, meus amigos.
O tema desta crônica é o mesmo de um conto ainda não escrito; sobre o tempo entre o nascimento e a morte de um personagem tão querido e íntimo, mas cuja maior parte da vida ainda é uma incógnita. O que ele fez antes do fim? A mesma pergunta faço a mim mesmo. O que houve entre acordar e dormir? Aproveitei este tempo a mim emprestado da melhor forma possível? Ninguém lembra quando nem de onde partiu, ninguém quer ainda chegar ao ponto final, fiquemos com o clichê de aproveitar a jornada. A viagem que é a própria viagem. Tomar um trem e se embebedar pela paisagem na janela, o destino pode esperar. Este agora, nem sempre apoteótico, mas real.
Entre o Paraíso e a Consolação, tento encontrar a resposta. Além dos ideais latinos, lembro de um conceito dos franceses, que em sua infinita sabedoria na arte de viver bem, resumem: petit bonheur ou pequena felicidade. Um café com um amigo querido, uma manhã de sol, chegar em casa depois de um longo dia. Estas coisas pequeninas a compor estas páginas do meio que são a maior parte da vida.
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